Como as pesquisas de tempo e clima impactam sua rotina?

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- 21/12/2015

Você já parou para pensar como as pesquisas de tempo e clima influenciam o seu dia a dia? “Essa ciência tem impacto direto no cotidiano de cada um de nós, desde pequenas decisões, tais como levar ou não casaco ou guarda-chuva, até as análises de governo, como se haverá água suficiente nos reservatórios das represas das usinas hidroelétricas para a produção de energia”, pontua o pesquisador brasileiro do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Caio Coelho (na foto, à esquerda).

“Outro exemplo da utilidade da previsão climática sazonal é o planejamento de viagens. Sabendo-se, por exemplo, que o próximo mês será mais seco ou mais chuvoso do que o normal, podemos decidir destinos turísticos mais adequados para o nosso perfil, minimizando possíveis situações desconfortáveis”, complementa o especialista.

O CPTEC é responsável pela previsão de tempo, clima sazonal, ambiental (qualidade do ar) e por projeções de cenários de mudanças climáticas no Brasil. E para visualizar aquele dado resumido da previsão de tempo, indicando sol, chuva ou tempo nublado, um longo caminho é percorrido.

“Dados meteorológicos provenientes de várias regiões do mundo são utilizados diariamente para inicializar o modelo numérico global do CPTEC para gerar a previsão do tempo para os próximos dias. Modelos regionais também são rodados no supercomputador Tupã para fornecer um maior detalhamento espacial da previsão do tempo. Os meteorologistas avaliam as previsões produzidas pelos modelos numéricos, agregam conhecimento das condições meteorológicas locais e regionais para, então, produzir a previsão do tempo para os próximos dias para o todo o Brasil”, explica Caio.

É um trabalho que não para. “Mantemos uma infraestrutura de TI funcionando 24h por dia”, garante o pesquisador e especialista em Tecnologia da Informação do CPTEC, Eugenio Almeida (na foto, à direita). Ele explica que, além de estar conectado à RNP, o CPTEC possui uma “forte interação com a organização”. “Sou do tempo em que as redes eram de baixa velocidade, não eram confiáveis, ficavam indisponíveis por alguns dias. Com a conexão à rede acadêmica, melhoramos esse cenário e a taxa de transferência de dados. Não precisamos mais sair do CPTEC para interagir com pares e conseguimos disponibilizar os dados meteorológicos de forma cada vez mais rápida, com a certeza de que a outra ponta receberá a informação”, afirma.

Graças à conexão em alta velocidade, a interação com pares hoje abarca pesquisadores de outros países e até mesmo a sociedade. “Apenas para citar um recente exemplo de colaboração internacional, em função da crise hídrica estabelecida na região sudeste do Brasil, em particular na região metropolitana de São Paulo, que despertou interesse científico internacional, pesquisadores da Europa, Estados Unidos da América e Austrália procuraram pesquisadores do CPTEC para desenvolver um estudo com o objetivo de detectar possíveis contribuições humanas capazes de alterar o risco climático para a ocorrência de condições de seca assim como observadas em 2014 e 2015. Através de análises de dados observacionais e de rodadas de modelos climáticos globais, esse grupo de pesquisadores não encontrou evidência de alteração do risco climático de seca devido as atividades humanas responsáveis pela emissão de gases causadores do efeito estufa, e concluiu que o aumento da população e consumo de água foram muito provavelmente os principais responsáveis para a escassez de água em São Paulo no período”, conta Caio.

“Um aspecto interessante desse estudo foi o uso de uma rede voluntária de computadores pessoais denominada climateprediction.net para a realização de milhares de simulações climáticas, que permite ao público interessado nessa temática contribuir com a realização da pesquisa”, complementa o pesquisador.

Assim, a conexão com a internet através da rede acadêmica tem um papel importante no envio e no recebimento de grande volume de dados. “Os benefícios de estarmos na rede Ipê são muitos, tanto do ponto de vista científico de troca rápida de informações para o avanço da ciência, quando do ponto de vista prático para auxiliar o governo com o fornecimento de informações climáticas para a delineação de políticas públicas”, conclui Caio Coelho.