Pesquisadores usam Solidariedade à Pesquisa para impulsionar produção científica no país, veja casos

- 14/08/2020

Rodrigo Oliveira, professor no PPG de Química na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB)Pelo Brasil afora, há milhares de pesquisadores produzindo conhecimento sobre temas que você nem imagina. Por exemplo: você sabe o que é um “turbidímetro”? Esse foi o equipamento que o Rodrigo Oliveira, professor de um dos poucos programas de pós-graduação em Química na região do semiárido brasileiro, na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), conseguiu arrecadar por meio da plataforma Solidariedade à Pesquisa, ambiente que conecta pesquisadores para que eles possam colaborar entre si, trocando, emprestando, solicitando ou doando materiais, equipamentos e insumos para suas pesquisas.

Com o instrumento, Rodrigo pode continuar a produção de conhecimento na sua linha de pesquisa sobre as argilas naturais da região, através da modificação superficial das partículas do mineral. A pesquisa visa aplicações em medicina regenerativa e materiais condutores iônicos para dispositivos para armazenamento de energia. “Dentro dessa linha de trabalho, é importante que a gente consiga acompanhar o processo de sedimentação dessas partículas, que é uma propriedade que varia em função da modificação superficial que nós fazemos nelas. Essa propriedade pode ser medida através de um turbidímetro, que é o equipamento que eu solicitei no programa Solidariedade à Pesquisa”, ele explica.

Ana Lia Anbinder, professora do curso de Odontologia na Universidade Estadual Paulista (Unesp)Já a Ana Lia Anbinder, professora do curso de Odontologia na Universidade Estadual Paulista (Unesp), tem estudos sobre os efeitos dos probióticos na redução da inflamação e da perda óssea dos pacientes em caso de doença periodontal, que é a principal causa de perda dentária na população adulta. “Nós compramos kits Elisa para avaliação de citocinas inflamatórias produzidas por células humanas cultivadas in vitro. Esse é um material altamente específico que nós utilizamos, mas sobraram algumas placas e elas não são úteis agora, no momento em que estamos em um momento mais avançado da pesquisa”, lembra Ana Lia. O material que seria inutilizado pelos pesquisadores responsáveis foi publicado no painel eletrônico do Solidariedade à Pesquisa e deve ser aproveitado por outros estudiosos que precisam desse tipo de insumo.

A pesquisadora opina que a ferramenta de apoio à pesquisa estimula a redução do desperdício e é “uma ideia muito inteligente para otimizar os recursos que nós temos, não só para fortalecer a ciência brasileira, mas também para a economia, o meio ambiente e a sociedade”. Isso foi exatamente o que motivou a criação do portal de compartilhamento, uma iniciativa da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com desenvolvimento foi feito pela equipe de TI da Faculdade de Ciências Médicas (FCM), em parceria com a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

Os depoimentos dos pesquisadores fazem parte de uma reportagem em vídeo produzida pela CAPES, assista o conteúdo completo: 

O idealizador da solução e professor da Unicamp, José Antonio Rocha Gontijo, explica que o ambiente é voltado para a toda comunidade acadêmica brasileira, em prol do avanço da ciência: “Todos os pesquisadores, programas e alunos de pós-graduação podem participar. O sistema imaginado por nós visa divulgar entre a comunidade científica as intenções de doações, pedidos e empréstimos de insumos básicos utilizados em pesquisa, através do sistema de publicação online, com a finalidade de auxiliar os pesquisadores a finalizar seus projetos de pesquisa”. 

Falando em comunidade acadêmica, a plataforma tem potencial para ajudar muita gente. Conforme estima o último censo do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), de 2016, existem quase 200.000 pesquisadores no Brasil, como o Rodrigo Oliveira e a Ana Lia. O levantamento registrou:

censo do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), de 2016, estima: existem quase 200.000 pesquisadores no Brasil

 

José Antonio Rocha Gontijo, idealizador da plataforma e professor da Unicamp

 

O site está pronto para receber esses membros da comunidade acadêmico-científica de instituições de ensino superior brasileiras – públicas ou privadas – que queiram colaborar. E, para isso, isso é muito simples: basta buscar pelo endereço https://solidariedade.unicamp.br e fazer o acesso via Comunidade Acadêmica Federada (CAFe). No mural eletrônico, os membros podem publicar uma solicitação ou oferta de insumos e materiais e também visualizar outros anúncios em que vejam uma oportunidade de colaborar, organizados por área do conhecimento. 

Acesso ao Solidariedade à Pesquisa

 

Para ler conteúdos relacionados à plataforma, acesse: Solidariedade à Pesquisa: troca, empréstimo ou doação de insumos para a pesquisa

Essa reportagem usou informações da CCS/CAPES e Rádio Unesp. A foto do professor José Antonio Rocha Gontijo usada nesse conteúdo é de autoria de Antoninho Perri/SEC Unicamp.