Profissionais de TI, gestores públicos e coordenadores de P&D de diversas instituições de ensino e pesquisa se reuniram nesta segunda-feira (28/8), em Brasília, para participar do SIG Nuvem 2023. O evento da RNP (Rede Nacional de Ensino e Pesquisa) visa catalisar discussões cruciais sobre aplicações das TICs na educação, pesquisa e cultura. Neste ano, o grupo de interesse especial trouxe à tona a capacidade da inteligência artificial de solucionar desafios prementes nas instituições de ensino e pesquisa do Brasil.

“No SIG Nuvem, conseguimos potencializar a escuta ativa com nossas instituições sobre suas necessidades. Neste ano, focamos em um tema de grande relevância, que é inteligência artificial. Esse assunto não é uma novidade na academia, mas vem ganhando grande repercussão do público em geral. Uma pesquisa recente demonstra que, a cada ano, os investimentos em IA e seus potenciais de uso vão aumentar cerca de 80%, no mundo. No Brasil, esse número é de 100%, por ano. Existe, então, uma oportunidade excelente para que a gente possa fazer um uso mais adequado de IA, principalmente aplicado à educação e pesquisa, levando em consideração questões de segurança e privacidade”, defendeu o diretor de Serviços e Soluções da RNP, Antonio Carlos F. Nunes.

Para explorar a aplicabilidade da tecnologia diante da realidade dessas instituições e refletir sobre desafios, oportunidades e dilemas éticos sobre IA, os palestrantes convidados puderam compartilhar informações sobre as iniciativas em que atuam. Para começar, Tiago Primo, doutor e professor-adjunto na Universidade Federal de Pelotas (UFPel), apresentou a Lanse, solução que identifica estudantes com risco de reprovação e evasão escolar, a partir de dados de estudantes, com utilização de algoritmos de aprendizado de máquina.

“Antes de construir uma solução de IA para tecnologia, é muito importante observar as necessidades de quem está envolvido naquele ecossistema. Nesse caso, os professores e os alunos. Após observar as etapas cumpridas por um professor, como preparação e execução das aulas e feedbacks para estudantes, podemos pensar: e se a pudéssemos pensar em mecanismos inteligentes para isso?”, provocou Tiago.

Então, foi vez de Gabriel Alves, doutor em Ciências da Computação que atua no Programa de Pós-Graduação em Informática Aplicada (PPGIA) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), subir ao palco. Ele contou um pouco mais sobre o Tutoria, aplicação que corrige atividades avaliativas, aprende com os erros mais comuns e produz relatórios personalizados que indicam onde cada estudante errou, com o auxílio de inteligência artificial. A IA apoia estudantes no processo de aprendizagem e ainda alivia a carga dos professores.

A última solução apresentada foi o Sistema Integrado do Suporte ao Sucesso Acadêmico (Sissa) que, com IA, faz a integração e padronização de dados acadêmicos, monitoramento de indicadores, previsão de taxas de sucesso do estudante, capacitação de tutores e apoio ao aluno. A iniciativa foi representada por Adailton Ferreira de Araújo e Marcelo Tete, professores da Universidade Federal de Goiás (UFG) que atuam no Centro de Excelência em Inteligência Artificial (CEIA) da instituição como líder de projetos e pesquisador-sênior, respectivamente. 

Após suas apresentações, os representantes das três aplicações – Lanse, Tutoria e Sissa – compuseram um painel para debater a intervenção da tecnologia na sala de aula, a relação entre alunos e professores, o tratamento de dados pessoais e integração da IA com sistemas acadêmicos. Depois do almoço, os participantes do SIG puderam colaborar mais ativamente, por meio de uma dinâmica. Divididos em grupos, os presentes debateram sobre tópicos específicos sobre IA na educação e apresentaram as principais ideias e insights discutidos. 

Criado em 2015, o SIG Nuvem utiliza a troca de experiências com a comunidade como insumo para desenvolver ou evoluir novos produtos e serviços na RNP. “O SIG Nuvem já resultou em algumas ofertas no catálogo da RNP, como Moodle Gerenciado e Backup Offsite”, relembrou Antonio Carlos F. Nunes. “Nossa intenção com o evento também é alavancar novas ofertas e poder ‘plugar’ essas soluções, algumas provenientes de Grupos de Trabalho (GT) da própria RNP e outras fomentadas pelo Ministério da Educação (MEC)”, afirma.

Veja o evento na íntegra: