Designer relembra processo de criação da marca da RNP na década de 1990

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- 16/01/2018

A marca é a cara de uma organização. Ela pode ser em forma de símbolo, sinal, emblema, insígnia, etc. e tem a finalidade de representar visualmente uma empresa, produto ou serviço, mas sua criação é muito mais complexa do que parece.

Por trás daquela “identidade ilustrada”, há todo um estudo e aplicação de conceitos para que ela consiga transmitir fielmente a missão, visão e valores da organização. E com a RNP não foi diferente. Criador da nossa marca no início da década de 1990, o designer Rodolfo Capeto relembra o processo criativo à época e revela que houve uma preocupação em explicitar um olhar voltado sempre para o futuro. “Deixei um espaço vazio, uma concavidade, intuindo-se que a rede nunca está completa, ela sempre buscará sua expansão (como o próprio universo)”, conta.

Qual é a importância da marca para uma organização?

Uma marca é, em princípio, apenas um identificador, mas seu aspecto mais importante é a confiança e respeito que ela deve inspirar. O designer projeta a marca, mas quem construirá progressivamente o prestígio desta será a própria empresa ou instituição. Bons serviços, comportamento sério e profissional com clientes e fornecedores, relações saudáveis com funcionários, uma política de comunicação de qualidade, aberta e honesta, todos esses fatores são fundamentais para que uma marca se mantenha carregada de valores positivos.

Existe marca perfeita?

Diferentemente das ciências exatas, como a Matemática, onde em geral se espera um resultado preciso, nas chamadas “ciências do artificial”, entre as quais o design de comunicação (que é um dos campos do projeto), não há soluções únicas. Para qualquer problema de design haverá uma diversidade de soluções possíveis. Nestes casos devemos, portanto, deixar de lado a ideia científica de exatidão, ou a ideia mítica de perfeição, e, sim, aspirar pela adequação.

Como foi o processo de criação da marca da RNP? Em que você se inspirou para criá-la?

A inspiração inicial foi a topologia original da rede da RNP, com pequenos ajustes. Minha intenção foi deixar de lado o desenho geográfico da rede e representá-la numa forma simbólica simples – convexa e compacta –, para se mostrar como harmônica e estável. Mas, ao mesmo tempo, deixei um espaço vazio, uma concavidade, intuindo-se que a rede nunca está completa, ela sempre buscará sua expansão (como o próprio universo). Fizeram parte também dos meus estudos os diagramas de constelações, que mostram as estrelas de diferentes grandezas e suas conexões, e o conceito do “mobile”, um tipo de escultura suspensa e leve, sempre se movendo com a brisa.

Caso fosse chamado para criar uma nova marca nos dias atuais, acha que ela seria muito diferente? Se sim, quais seriam as principais diferenças?

Certamente seria diferente, não porque a atual marca esteja antiquada, mas porque, a cada novo projeto, devemos trabalhar com as questões do tempo presente. Sem que eu efetivamente sentasse para pensar uma nova solução, não saberia dizer quais seriam as diferenças. Mas certamente eu encaminharia o estudo pelas atuais questões tecnológicas e culturais.