Tecnologias quânticas em saúde: especialistas explicam como a física do futuro pode transformar diagnósticos e tratamentos 

novembro 10, 2025
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No dia 7 de novembro, a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) promoveu o terceiro webinar da série Tecnologias Quânticas em Saúde “Explorando a Tecnologia Quântica: O Que é Isso, Como Isso Funciona e Quais as Possibilidades na Saúde”, reunindo pesquisadores para discutir como os avanços da física quântica podem impactar o futuro da saúde e da medicina. O encontro integrou o ciclo de webinars da Rede Universitária de Telemedicina (RUTE), que este ano celebra 20 anos de atuação, em parceria com o Hospital Israelita Albert Einstein, a Universidade Federal do ABC (UFABC) e a RedClara. 

A abertura foi conduzida pelo especialista de Saúde Digital da RNP, Paulo Lopes, que destacou a importância da prospecção tecnológica como parte da missão institucional de impulsionar a transformação digital na área da saúde. “Nosso propósito é antecipar tendências e fomentar a pesquisa aplicada em saúde digital”, afirmou. 

Os palestrantes convidados foram Luciano Gomes e Hans Marin Florez, pesquisadores da UFABC, que abordaram desde os fundamentos da mecânica quântica até aplicações concretas de sensores quânticos para diagnóstico e monitoramento clínico. 

Gomes apresentou uma introdução didática à física quântica, explicando como o controle direto de estados quânticos (fenômenos como superposição e emaranhamento) abre caminho para uma nova geração de tecnologias (as chamadas Tecnologias Quânticas 2.0). “Essas tecnologias permitem criar e manipular estados quânticos da matéria e da luz, possibilitando medições extremamente precisas em escalas nanométricas”, explicou. 

Entre as aplicações já em desenvolvimento, os pesquisadores destacaram os sensores quânticos, capazes de detectar variações minúsculas em campos magnéticos, temperatura e pressão, o que os torna promissores para usos médicos. Equipamentos baseados em átomos neutros, diamantes com vacância de nitrogênio e luz comprimida estão entre as inovações que podem revolucionar diagnósticos, como na detecção de doenças neurológicas ou no mapeamento de sinais cerebrais e cardíacos sem necessidade de procedimentos invasivos. 

“Os sensores quânticos transformam uma limitação da física (a sensibilidade extrema dos estados quânticos) em uma vantagem: quanto mais sensível, mais precisa é a medição”, destacou Gomes. 

Hans Marin complementou a apresentação demonstrando como esses princípios estão sendo aplicados em laboratório. Ele explicou, por exemplo, como cristais de diamante com defeitos atômicos podem ser usados como termômetros intracelulares, medindo temperaturas em nível celular e contribuindo para novas abordagens em biomedicina. 

Para os especialistas, a área está em rápida evolução. Algumas dessas tecnologias já alcançaram níveis de maturidade próximos à aplicação comercial, enquanto outras ainda estão em fase experimental. “Não há barreiras físicas para que sensores quânticos se tornem parte do cotidiano clínico”, disse Luciano. “O desafio agora é tecnológico e regulatório.” 

O próximo webinar será realizado em 5 de dezembro, às 15h, com o tema “Construindo Pesquisa Quântica em Saúde: Experiência, Desafios e Caminhos Futuros” e transmissão ao vivo nesse link.  

Assista a gravação do webinar: