A realidade de escassez de profissionais em cibersegurança, evidenciada pelo Fórum Econômico Mundial, pode começar a ser revertida no Brasil. Uma parceria entre a RNP e a Universidade Federal da Bahia (UFBA) vem ajudando na formação de estudantes, com foco em segurança cibernética, por meio da criação de ambientes virtuais de aprendizagem. A partir do projeto HackInSDN, desenvolvido pela equipe do professor Leobino Sampaio e do pesquisador Ítalo Valcy, que desenvolveu uma série de treinamentos práticos para capacitar alunos em situações de defesa e ataque cibernético que replicam ataques reais.
O projeto foi um dos selecionados na chamada pública Hackers do Bem para Pesquisa e Desenvolvimento 2023, promovida em parceria com a RNP, Senai, Softex e MCTI. Desde o início, a proposta era fornecer à comunidade acadêmica um sistema adaptável para ajudar na missão de especializar cada vez mais profissionais de cibersegurança no Brasil. A equipe do Laboratório Nacional Multiusuário da RNP impulsionou o projeto durante todo o ciclo de desenvolvimento e, hoje, a infraestrutura do Testbeds é a base dos laboratórios práticos de cibersegurança que o professor Leobino ministra na UFBA.
“Foi como uma consultoria, o que fez muita diferença para os primeiros testes e para entender os principais desafios de uso”, explica Sampaio, que assumiu a coordenação do projeto em paralelo ao cargo de professor do Instituto de Computação da UFBA.
A estrutura oferecida pela RNP, com rede de alta capacidade e equipamentos avançados, foi essencial para viabilizar o HackInSDN, segundo os desenvolvedores. “É como se a RNP tivesse feito a fundação de uma casa para que a gente pudesse entrar e planejar. Sem essa base, não teríamos como construir o que fizemos”, afirma o professor.
Para explicar o funcionamento do Laboratório Nacional Multiusuário da RNP, o líder técnico da iniciativa recorreu a uma analogia simples: “É como uma caixa de peças de Lego. A RNP disponibiliza as peças e nós montamos os cenários conforme as necessidades do projeto. Às vezes, a gente precisa entender melhor como as peças se encaixam entre si. É nesse momento que o suporte técnico da RNP entra e nos ajuda a montar tudo da forma certa”, conta Ítalo Valcy.
De acordo com o pesquisador, um dos principais diferenciais do ambiente de simulação do HackInSDN, perante outros do mercado, é o acesso simples e democrático à ferramenta. Diferente de soluções similares, que podem custar até R$ 500 mil por licença, a plataforma desenvolvida com a infraestrutura da RNP é gratuita, está disponível na nuvem, tem interface intuitiva e não há necessidade de ter computadores potentes para acessar. “É possível fazer treinamentos até pelo smartphone, meio que os alunos mais jovens preferem”, explica Valcy.
Inicialmente desenvolvido para o programa Hackers do Bem, o laboratório virtual ganhou escala em apenas seis meses e já apoia a formação de alunos da UFBA e de outras duas instituições. A plataforma reúne 13 cenários práticos; desde o lançamento da primeira versão, mais de 140 estudantes realizaram quase 900 sessões de laboratório práticos.
Um dos objetivos da equipe do HackInSDN é montar um repositório de treinamentos virtuais com diferentes temas e níveis de dificuldade em cibersegurança, permitindo o acesso a qualquer aluno, professor ou interessado no tema. De acordo com os pesquisadores, o HackInSDN, ao utilizar o Laboratório Nacional Multiusuário da RNP, comprova a versatilidade desse Testbed e sugerem que outros membros da academia usem a infraestrutura da RNP para criar seus próprios ambientes de aprendizagem prática em outras áreas do conhecimento.
“Esse projeto pode ser expandido para outras áreas além da computação. Um professor de estatística pode usá-lo para trabalhar com análise de dados, assim como um docente da área de saúde pode rodar modelos voltados à detecção de doenças por imagem”, exemplifica Valcy.
Diante dos resultados, o projeto continuará recebendo suporte da RNP. “Essa iniciativa reforça a missão da RNP de promover o uso inovador da TIC para apoiar a educação, a pesquisa e a inovação no Brasil”, destaca Leandro Mondin, Service Owner do Laboratório Nacional Multiusuário.