Internet de alta velocidade chega ao Agreste Pernambucano

- 18/06/2020

A dificuldade de enfrentar uma doença como a Covid-19 fica ainda mais evidente em cidades pequenas e distantes das capitais. Hospitais acanhados, com pouca infraestrutura e sem nenhuma tecnologia, acabam ficando superlotados e, muitas vezes, não conseguem suprir demandas de urgência e emergência. Para minimizar problemas como esse, o uso da telessaúde pode ser efetivo, já que a utilização de redes de alta disponibilidade e desempenho, aliada ao conhecimento e dedicação de profissionais de saúde, podem oferecer atendimento de ponta a localidades onde há escassez de especialistas em saúde.

Em Pernambuco, por exemplo, a Rede Pernambucana de Pesquisa e Educação (RePEPE) há algum tempo tem permitido a capacitação de profissionais de saúde e atendimento de pacientes a distância. A rede também viabiliza o intercâmbio de experiências e informações entre profissionais de locais isolados com os de grandes centros urbanos, que devem ser afetados mais cedo pelo vírus.

Durante visita realizada à Fundação Altino Ventura, em Recife, a coordenadora técnica do Ponto de Presença da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa em Pernambuco (PoP-PE) e de Engenharia e Operações de Redes do Instituto de Tecnologia de Pernambuco (ITEP-PE), Zuleika Tenório, verificou casos de problemas de saúde que poderiam ser evitados com a agilidade do atendimento a distância, principalmente de pacientes que ficaram cegos devido ao tempo de deslocamento e demora no primeiro diagnóstico. “Esta necessidade fica ainda mais em evidência em tempos de coronavírus. O distanciamento social é recomendado, a falta de recursos é evidente, o tempo dos profissionais de saúde precisa ser otimizado e a agilidade no primeiro atendimento é crucial”, destaca.

MCTI Nordeste Conectado

Diante desse cenário, na primeira quinzena de março, foi finalizada a expansão da infraestrutura da RePEPE aos municípios de Belo Jardim, Caruaru e Garanhuns, conectada a 10 Gb/s, no Agreste Pernambucano. ‘‘Também temos a previsão de estabelecer uma conexão com a Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) em Paulo Afonso, na Bahia, onde está em curso as primeiras turmas de Medicina”, acrescenta.

A estratégia de interiorização da rede faz parte do rol de objetivos do programa MCTI Nordeste Conectado, coordenado pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) em parceria com a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) e que, em Pernambuco, conta, ainda, com parceiros estratégicos, como a Companhia Energética de Pernambuco (Celpe), o Instituto de Tecnologia de Pernambuco (ITEP-PE), o governo do Estado de Pernambuco  e provedores de internet responsáveis por interligar 20 dos maiores municípios pernambucanos em alta velocidade.

Mudança de paradigma

Uma das várias mudanças provocadas pela pandemia de Covid-19 foi a publicação, pelo Ministério da Saúde, de uma portaria que autoriza o uso de telemedicina para atendimento de pacientes durante a emergência pelo novo coronavírus. O objetivo é reduzir a circulação de pessoas e a exposição ao vírus nos procedimentos de atendimento pré-clínico, suporte assistencial, consulta, monitoramento e diagnóstico, tanto na rede pública, quanto na rede privada de saúde.

A decisão é uma mudança de postura do setor, que historicamente prioriza o contato direto entre médicos e pacientes, o que indica que a atual pandemia pode vir a se tornar um divisor de águas quanto aos diversos usos da tecnologia no teletrabalho, atendimento e outras interações remotas.

Djacir Maciel, analista de Infraestrutura da Universidade de Pernambuco (UPE) destaca que, durante a pandemia, a comunicação remota é essencial para troca de informações e contribuições acadêmicas. “A rede de telessaúde é importante pelo fato de podermos promover conferências, palestras, aulas. Aqui na UPE temos o hospital do Coração PROCAPE, que já realiza esses trabalhos na unidade”, finaliza.