O segundo dia do 26º Workshop RNP (WRNP), em Natal (RN), teve como um dos destaques o debate sobre inovação no Brasil a partir do diálogo mais próximo entre setor público, universidades, Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs) e indústria. Nesta terça-feira (20), durante o painel “Resolvendo problemas reais com tecnologia de ponta”, executivos e especialistas se reuniram para abordar a importância das deep techs para acelerar esse ecossistema e levar com mais agilidade soluções tecnológicas de alto impacto.
Apesar de o Brasil ocupar a 50ª posição em produção de inovação, segundo o Índice Global de Inovação, o país é o 14º em volume de publicações científicas — com 95% da produção gerada por universidades. Os dados foram mostrados no WRNP pelo chefe de gabinete da FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos), Fernando Peregrino. De acordo com o engenheiro, no desequilíbrio entre produção científica e inovação há alto potencial de transformação deste cenário no Brasil.
“Estamos diante de uma janela de oportunidade de transformar ciência em soluções práticas para o mercado de forma muito mais rápida justamente por causa das deep techs, que nascem já do ecossistema científico costurando a inovação com a indústria e com financiadores para tirar do papel ideias com alto impacto para a sociedade. Pode ser nosso principal motor de inovação. Por isso estamos investindo nesse tema”, afirmou Peregrino.
Como exemplo de deep tech que vem operando no mercado brasileiro, Felipe Manso, diretor comercial da Kryptus, contou que a empresa, especializada em cibersegurança, surgiu de uma parceria entre a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPQD), com o apoio da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) desde 2005.
“Não tem como falar da Kryptus sem falar da RNP. Em 2025, nossa parceria completa 20 anos”, disse o executivo que ressaltou a atuação da deep tech na prevenção de golpes digitais nos Centros de Operações de Segurança (SOCs, na sigla em inglês) da RNP.
O gerente de inovação da RNP, Rafael Valle, destacou que a organização atua com o modelo de inovação aberta há mais de duas décadas. “Começamos em 2002 e, desde então, mais de 30 empresas foram criadas dentro do nosso ecossistema. Só no ano passado, essas empresas somaram mais de 300 colaboradores e faturaram mais de R$ 40 milhões”, afirmou.
Inovação com estudos sobre Blockchain
No Palco Inova, o Projeto Ilíada, desenvolvido pela RNP para fomentar estudos e soluções por meio do blockchain, foi apresentado pelo coordenador de Pesquisa & Desenvolvimento da RNP, Reinaldo Gomes.
Durante sua fala no WRNP, Gomes mostrou os grupos de trabalho formados pela RNP em conjunto com oito universidades brasileiras, impulsionando a inovação com a adoção do blockchain. “Em seis meses de atividades, tivemos resultados significativos com produção de seis artigos científicos que vão ajudar a formar mais bases de conhecimento para essa importante tecnologia”, concluiu.