A inovação deixou de ser um processo solitário. Em vez de acontecer apenas dentro de laboratórios ou departamentos pesquisa, de maneira isolada, cada dia mais, ela tem sido construída de um modelo colaborativo. Esse processo dá origem ao que se chama de inovação aberta.
Inovação aberta é, portanto, uma maneira de trabalho que busca acelerar o desenvolvimento de novas soluções através de parceiras com universidades e startups, como explica o gerente de Inovação Tecnológica da RNP, Rafael Valle.
“Para empresas, isso significa ter mais acesso a conhecimento e talentos que dificilmente seriam desenvolvidos internamente. Para universidades, é uma forma de aplicar os resultados de suas pesquisas em produtos e serviços para a sociedade e é também uma oportunidade para obter financiamento para o desenvolvimento de novos projetos”, disse.
Deste modo, a inovação aberta conecta empresas, universidades, startups e governo em um ecossistema dinâmico de troca de conhecimento, ideias e soluções.
O conceito de inovação aberta
Em essência, a inovação aberta é uma filosofia que reconhece a importância da troca de conhecimentos para a construção de novas soluções.
O termo ficou popular no início entre os anos 2000 e 2003, sendo atribuído ao professor Henry Chesbrough da Universidade da Califórnia em Berkeley. Chesbrough observou que empresas líderes em inovação estavam abandonando o modelo tradicional e isolado de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) para adotar estratégias colaborativas e abertas.
Esse movimento tornava o processo mais eficiente e estratégico, com a buscar conjunta de ideias, tecnologias e parcerias acelerar o desenvolvimento de produtos e serviços.

Diferenças entre inovação aberta e fechada
O modelo tradicional de produção de inovação é um modelo “fechado”, em que todo o processo, isto é, da concepção ao lançamento de um produto, acontece dentro de uma única instituição.
Ainda que muitas vezes reconhecido pela segurança, pois a instituição tem domínio sobre todas as etapas, o processo de inovação fechada costuma ser mais lento e custoso.
Já a inovação aberta quebra esse paradigma ao promover o intercâmbio de ideias trazer colaborações externas, reduzindo tempo de desenvolvimento, aumentando a competitividade e estimulando soluções mais criativas e diversas.
Inovação aberta na RNP: colaboração entre academia, startups e governo
A RNP é um exemplo de como a inovação aberta fortalece o ecossistema de ciência e tecnologia no Brasil. A instituição conecta universidades, centros de pesquisa, startups e órgãos públicos em projetos que vão desde infraestrutura digital até o desenvolvimento de novas tecnologias aplicadas.
Essa colaboração multidisciplinar se concretiza, principalmente, por meio da rede Ipê, que é a infraestrutura de conexão das instituições de pesquisa do Brasil, e da Rede de e-Ciência, responsável por conecta institutos que atuam com um alvo volume de dados e pesquisa de ponta.
“A RNP tem um longo histórico de programas de inovação aberta que começa com Programa de PD&I Serviços Avançados há mais de 20 anos, na época chamado de Programa de GTs. Mais recentemente, tivemos chamadas em temas como Cibersegurança, OpenRAN e Saúde Digital. Diversos serviços da RNP foram desenvolvidos em parceria com universidades brasileiras, como o ConferênciaWeb e Diplomas Digitais.” – Rafael Valle, gerente de Inovação Tecnológica na RNP
De acordo com Rafael Valle, a RNP tem avançado substancialmente ao longo dos últimos anos na colaboração com startups tanto para ampliar a capacidade de entrega de valor para o Sistema RNP quanto para melhorar a eficiência operacional.
Essa postura evidencia como a inovação aberta se consolida na prática: integrando academia, setor produtivo e governo em torno de soluções que beneficiam diretamente a sociedade.
Benefícios da inovação aberta
Uma das maiores vantagens do Open Innovation, a inovação aberta, é a interligação de conhecimento e know-how de diferentes setores e áreas de parceiros, o que abre novas perspectivas. Essa diversidade de conhecimento resulta em soluções mais inovadoras e disruptivas, criando oportunidades de entrada em novos mercados e segmentos antes inacessíveis.
Em um projeto que envolve a colaboração de especialistas é possível incorporar conhecimentos que a empresa não domina, aumentando a expertise do processo e a velocidade de entrega ao mercado.
Outro cenário onde ficam evidentes os benefícios da inovação aberta são em projetos que trazem o compartilhamento de riscos com parceiros estratégicos. Isso permite que as organizações explorem projetos mais ambiciosos com maior segurança financeira.
Assim, adotar a inovação aberta gera uma série de vantagens para empresas, universidades e para o país como um todo:
Aceleração de processos: novas soluções chegam ao mercado ou à sociedade mais rapidamente.
Redução de custos: compartilhar recursos diminui investimentos individuais em pesquisa e desenvolvimento.
Acesso a talentos e tecnologias: amplia o contato com pesquisadores, startups e profissionais especializados.
Maior impacto social e econômico: soluções inovadoras se tornam mais aplicáveis e acessíveis.
Fortalecimento do ecossistema de inovação: promove cooperação entre diferentes setores.