A transformação digital e o papel estratégico da infraestrutura tecnológica brasileira estiveram no centro da Plenária 03 da 35ª Conferência Anprotec, realizada em 15 de outubro, em Foz do Iguaçu (PR). Com o tema “Tecnologias emergentes e a reinvenção dos ecossistemas colaborativos”, o debate contou com a moderação de Rafael Valle, gerente de Inovação da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP).
Durante a sessão, Valle destacou a importância da RNP como infraestrutura essencial para a conectividade e inovação científica do país, desde a chegada da internet ao Brasil. Segundo ele, a Rede atua hoje como um integrador de universidades, centros de pesquisa e ecossistemas de inovação, promovendo parcerias estratégicas e fortalecendo a soberania tecnológica nacional por meio de soluções desenvolvidas por instituições públicas brasileiras.
“A infraestrutura que sustenta a ciência e a educação no Brasil é também a base para a inovação colaborativa. É sobre criar condições para desenvolver e testar novas tecnologias sem depender de soluções estrangeiras”, ressaltou Valle.
O painel reuniu representantes de diferentes instituições para discutir como tecnologias emergentes — como inteligência artificial, internet das coisas, computação em nuvem, blockchain e 5G — estão remodelando modelos de negócio, práticas de pesquisa e dinâmicas de inovação em rede.
Entre os participantes, Irineu Mario Colombo, diretor superintendente do Itaipu Parquetec, apresentou avanços em conectividade de próxima geração e ressaltou a importância da infraestrutura de dados como base para o funcionamento de ecossistemas digitais. Já José Henrique Videira Menezes, gerente de Mobilização Empresarial da Embrapii, abordou o papel das parcerias entre academia, governo e empresas na operacionalização da inovação colaborativa em escala nacional.
O coordenador do Agritech UFLA, Paulo Henrique Montagnana Vicente Leme, trouxe a perspectiva da inclusão digital no campo, destacando projetos que aproximam pequenos produtores de tecnologias acessíveis e de ferramentas de letramento digital.
Os painelistas convergiram na avaliação de que a transformação digital efetiva depende de uma infraestrutura robusta, de pessoas capacitadas e de modelos de governança inclusivos, funcionando de forma integrada. Para Valle, a conectividade de alta performance oferecida pela RNP é um elemento estratégico para que o país avance na construção de ecossistemas de inovação colaborativos e sustentáveis.
“Sem uma base tecnológica sólida e acessível, a transformação digital corre o risco de ampliar desigualdades em vez de superá-las. É fundamental pensar a infraestrutura como vetor de integração e inclusão”, afirmou.
Educação em IA como prioridade

No mesmo dia, a Diretora Adjunta de P&D da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), Michelle Wangham, moderou o painel “A Inteligência Artificial e os Ecossistemas de Inovação”, que buscou compreender se a tecnologia está ampliando oportunidades para startups e empresas ou aprofundando desigualdades entre players de diferentes portes.
A educação emergiu como prioridade central. Michelle Wangham apontou iniciativas como os currículos de referência da Sociedade Brasileira de Computação para cursos de IA e ciência de dados. “Você precisa de formação técnica que domine a tecnologia e de doutores em pesquisa”, afirmou.
*Com informações do site da Anprotec