Os três dias de evento reuniram cerca de duas mil pessoas, de forma presencial e online
Com a palestra “O futuro mudou… bem na minha vez”, o escritor, professor e consultor Dado Schneider encerrou a 14ª edição do Fórum RNP. De forma envolvente, ele falou do impacto que as interações interpessoais causam em diferentes grupos etários, em especial na chamada Geração Z, jovens nascidos no final dos anos 1990 e que cresceram conectados às tecnologias digitais.
“Quem tem pouco mais de 30 anos, não tem paciência com a Geração Z e se sente diferente. Todos os dias, as gerações que vieram antes dos atuais jovens fazem um esforço para se adequar ao que eles propõem. Mas, às vezes, alguém mais velho faz um comentário infeliz e o mundo desaba”, apontou Schneider na primeira parte da apresentação – chamada de “palestra muda” e feita por escrito no telão principal.
Ele comentou uma das principais críticas ao grupo etário envolvendo relações profissionais. “A Geração Z entrou no mercado de trabalho e nossa forma de trabalhar ainda está mais adequada ao século XX e à revolução industrial. Eles tiveram outra educação em casa”, disse.
Ao citar algumas mudanças da sociedade devido às novas tecnologias, Schneider fez um alerta e disse que “estamos perdendo a capacidade de prestar atenção. Temos passado do limite usando celular na frente das crianças. E agora queremos proibir que eles usem telas, mas não largamos elas. Somos como fumantes inveterados que ralhamos com as crianças: ‘larguem o cigarro’, mas estamos lá, tragando”.
O futuro do Conecta
O painel sobre o Programa Conecta, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) trouxe contribuições da iniciativa para a expansão das infovias e para a implantação dos Centros Nacionais de Dados (CNDs). Reforçou, ainda, a posição de destaque da RNP na criação de uma infraestrutura estratégica para o país. O diretor do Departamento de Fundos e Investimentos do MCTI, Raphael Padula, falou dos investimentos do governo em programas estratégicos.
“O Conecta foi visto como fundamental para a pesquisa básica, inovação em empresas, e no combate às assimetrias regionais e na inclusão digital. Agora, no Conecta 2, avançamos para temas como inteligência artificial, que exigem mais capacidade e mais centros de armazenamento e processamento. A RNP entra como um agente fundamental”, explicou.
Antônio Carlos F. Nunes, diretor de Serviços e Soluções na RNP, adiantou algumas das prioridades. “No Conecta 2 teremos a possibilidade de oferecer capacidade de processamento, como CPU e GPU; ampliação da capacidade de armazenamento; possibilidade de créditos de nuvem pública e ambiente nacional para integração de dados. Já temos a indicação de que teremos um programa nacional de capacitação em Inteligência Artificial, além de estudo de viabilidade do cabo submarino dos Brics”, afirmou.
Já Eduardo Grizendi, diretor de Engenharia e Operações da RNP, falou sobre as parcerias para ampliar a infraestrutura brasileira, e como elas contribuem para o avanço das infovias e outros serviços. “Aprendemos com o mercado o valor de nossa infraestrutura. Assim, discutimos e equilibramos as contrapartidas. E, agora mais recentemente, temos parceria com os operadores de datacenters”, ressaltou.
A atividade contou também com a presença de Caroline Ranzani, diretora de Relações Institucionais da Elea Data Centers, parceira da RNP no CND de Brasília; e Gilmar Balbinot, diretor-comercial da Brasil TecPar, empresa brasileira de telecomunicações.
Relacionamento e liderança
“Já pararam para pensar que tudo que aconteceu e vai acontecer na sua vida ocorre por causa de relacionamentos?”. O questionamento foi feito pelo pesquisador Marco Fabossi, durante sua apresentação neste último dia do Fórum RNP 2025. O mentor de líderes explicou a importância do bom relacionamento entre as pessoas e como a conversa é essencial para liderar com sucesso.
“A tecnologia da liderança é a conversa, porque ela é a base dos relacionamentos. E sem relacionamento, a gente não conquista absolutamente nada”, defendeu.
Adaptando à área de liderança o conceito do escritor Gary Chapman sobre as Cinco Linguagens do Amor – que defende que cada pessoa possui suas próprias formas de expressar e de receber amor – Fabossi explicou que reconhecer essas linguagens (Palavras de Afirmação, Tempo de Qualidade, Atos de Serviço, Presentes e Aproximação Física) ajuda a transformar a cultura, fortalecer a confiança e potencializar o desempenho.
“Por mais que você tenha se esforçado para concluir ou fazer algo, havia pessoas à sua volta, uma rede de apoio nessa jornada, mesmo que tenha parecido só um esforço individual”, disse Fabossi, complementando que “como gestor, você lida com coisas e aponta o que é necessário fazer; já no papel de líder, revela quem é e quem deseja se tornar no dia a dia. Porque, antes de ser um bom líder, é preciso ser um bom ser humano”.