Conscientização é a chave para combater ataques cibernéticos, destaca o RNPSeg 23

- 01/09/2023

Segundo dado do State of Cybersecurity Trends de 2022, relatório da Arctic Wolf Networks, nove em cada dez ataques cibernéticos têm como alvo os colaboradores de uma organização. Neste cenário, a conscientização em Segurança da Informação foi o foco principal do RNPSeg 23, que aconteceu em Brasília, no dia 30 de agosto. 

Exclusivo presencialmente para gestores e especialistas em Cibersegurança e com transmissão online, o RNPSeg é promovido pelo CAIS, a área de Inteligência em Cibersegurança da RNP. Ressaltando a necessidade de abordar a segurança cibernética de forma educativa para os colaboradores de organizações, o RNPSeg 23 teve como tema "Fator humano: conscientização para combater ameaças cibernéticas". 

Entre os palestrantes estavam Alex Amorim, fundador e presidente do IBRASPD e CISO da Claro, Anchises Moraes, líder de Threat Intelligence da Apura, Jeferson D’addario, fundador e CEO do Grupo Daryus, Marcelo Lau, diretor na Data Security e coordenador na FIAP, e Renato Opice Blum, advogado e economista e professor. Os convidados trouxeram perspectivas valiosas sobre a importância da conscientização em instituições públicas e privadas. 

Alex Amorim iniciou o evento destacando a evolução das tecnologias para afirmar que a conscientização se tornou crucial em um mundo cada vez mais conectado. "Quando a gente pensa na segurança, muitas empresas acabam fazendo para 'passar de ano'. Alguns profissionais de segurança ainda não têm o objetivo de impactar a vida das pessoas. Porém, a gente precisa começar a trazer as pessoas para o centro de tudo. Sair do lado de simplesmente cumprir uma política corporativa para mostrar a importância de criar práticas mais seguras no ambiente digital", ressaltou.

Phishing e golpes que usam engenharia social continuam a impactar negativamente a vida de pessoas dentro e fora da rotina de trabalho. Esses golpes se disfarçam como comunicações legítimas, explorando a confiança e a falta de conhecimento das vítimas, ou usam de urgência ou sensacionalismo para tornarem suas mensagens mais atraentes. Para prevenir esses ataques, a educação cibernética é a solução. 

Marcelo Lau levantou o impacto do conhecimento na mudança de comportamento de usuários online. "Eu, como acadêmico, costumo dizer que o conhecimento transforma. Não adianta fazermos uma série de ações no ambiente coorporativo, nas tecnologias, se repetidamente o resultado é o mesmo. Temos que mudar nossas técnicas e nossa visão, pensando no comportamento do usuário frente às ameaças e golpes online", declarou. 

Durante o evento, Jeferson D’addario ainda complementou que a conscientização em segurança precisa impactar o colaborador para além da sua vida no trabalho e chegar em sua família. “O perímetro de segurança de uma empresa, a gestão da segurança, é tão importante quanto gestão financeira e gestão de RH. Nossa missão precisa ser que nossa mensagem chegue até a ponta do dedo do filho do funcionário. A gente tem que levar educação para o filho daquela pessoa. Muito se fala sobre inclusão digital, mas estamos falando em segurança? Toda estatística é reflexo dessa falta de preparação”, levantou. 

Anchises Moraes acrescentou, falando que a falta de investimento em Segurança da Informação em muitas empresas torna a viabilidade de planos de conscientização mais complexa e difícil. "A grande maioria das organizações mal tem uma equipe de segurança. Raramente, tem uma pessoa que se preocupa com conscientização", explicou.

Quanto à questão legal, um dos comentários de Renato Opice Blum, especialista em direito cibernético, disse respeito ao uso de sanções para que a Segurança da Informação seja levada como uma questão mais séria e alarmante. 

“Pelo menos 95% dos golpes online poderiam ter sido evitados se as vítimas tivessem tomado alguma ação diferente. É um índice muito alto. Todo mundo concorda que tem que educar, que conscientização envolve todo mundo, mas o fato é que a situação não está melhorando. Trago a analogia do cinto de segurança. Muita gente não usou durante um tempo, mesmo sabendo da sua importância, porque incomodava. Porém, quando passou a existir uma sanção, uma multa, a imposição legal gerou a prática mais segura”, comparou. 

O evento RNPSeg 23 deixou claro que a conscientização não é apenas uma medida preventiva, mas também uma estratégia inteligente para proteger os ativos e a reputação das empresas. Neste cenário de crescentes ameaças cibernéticas, a mensagem é: os colaboradores não são o elo mais fraco na segurança da informação, eles são a primeira linha de defesa, e a conscientização é a chave para fortalecer essa linha.

Assista o evento na íntegra