Transformações do século 20 comprovam poder da ciência, diz secretário na 69ª SBPC

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O papel primordial da ciência nos avanços da vida no século passado demonstra a sua capacidade para solucionar desafios contemporâneos. A percepção é do secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Jailson de Andrade, que participou neste domingo (16) da sessão solene de abertura da 69ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Belo Horizonte (MG).

Jailson demonstrou otimismo diante dos quadros de dificuldade orçamentária do governo federal e de descompromisso de líderes mundiais com questões ambientais. “Quem faz fama de marinheiro é a tempestade. Então, depois da crise, o país e o planeta podem sair mais reforçados”, apontou. “Temos motivos para acreditar na recuperação porque estamos em um momento especial da humanidade. Hoje, temos a Agenda 2030 e seus 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, estabelecidos pelas Nações Unidas.”

Outro motivo para crer no potencial da pesquisa, nas palavras do secretário, estaria em transformações operadas no passado recente da humanidade. “O século 20 começou com uma expectativa de vida média de 40 anos e terminou com um índice de quase 80 anos. Havia 1,6 bilhão de habitantes em 1900 e, 100 anos depois, éramos 7 bilhões de pessoas. Praticamente dobramos a expectativa de vida e multiplicamos a população do planeta por quatro – isso só pode ser feito pelo papel primordial da ciência e tecnologia, que conseguiu expandir a produtividade da agricultura, por exemplo. Esses dados despertam nosso otimismo, agora à beira da 4ª Revolução Industrial.”

Para o secretário, porém, o planeta necessita ter consciência de que vive tempos difíceis, sob ameaça de descumprimento de tratados de base científica extremamente sólida, como o Acordo de Paris, da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima. “Essa agenda se baseia na ciência da melhor qualidade deste nosso século”, comentou. “O químico escocês naturalizado americano Fraser Stoddart, prêmio Nobel de 2016, declarou que o mundo precisa de mais cientistas na política, exatamente para trazer mais reflexão.”

Solenidade

O secretário-executivo do MCTIC, Elton Zacarias, e o presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Mario Neto Borges, entregaram o Prêmio José Reis de Divulgação Científica e Tecnológica ao repórter Reinaldo José Lopes, da Folha de S.Paulo. Em sua 37ª edição, o concurso representa um reconhecimento a jornalistas, instituições ou pesquisadores que atuam para a formação de uma cultura científica e para popularizar atividades de pesquisa entre o grande público.

A presidente da SBPC, Helena Nader, lembrou que o estado de Minas Gerais acolhe pela oitava vez o evento. “A primeira foi em 1951, no antigo Instituto de Tecnologia Industrial, em Belo Horizonte. Depois, houve encontros em Ouro Preto, em 1956, e Poços de Caldas, em 1961. Já a Universidade Federal de Minas Gerais [UFMG] recebeu a Reunião em 1965, 1975, 1985 e 1997.”

Helena comentou, ainda, sobre a ExpoT&C, mostra gratuita e aberta ao público, de segunda-feira (17) a sábado (22), distribuída por uma tenda climatizada de mil metros quadrados no campus Pampulha da UFMG. “Essa é uma prestação de contas para a sociedade civil de onde está sendo empregado o dinheiro dos impostos, porque todos nós, universidades e institutos públicos, somos pagos e financiados pela contribuição de cada trabalhador brasileiro. A exposição informa o povo: olha onde está sendo empregado seu recurso.”

Já o reitor da UFMG, Jaime Arturo Ramírez, explicou a escolha do tema da 69ª Reunião Anual da SBPC: Inovação – Diversidade – Transformações. “O que está em destaque é a nossa atuação incisiva como uma instituição pública que se vê compelida a se reinventar constantemente, a acolher o espírito inovador e a devolver à sociedade que a sustenta, e que tanto de nós espera, as transformações necessárias e almejadas. O nosso país atravessa um  momento crítico de sua história, que requer de nós reflexão e direção em relação a educação, ciência e tecnologia, cidadania, democracia, política e ética.”

Também participaram da solenidade os presidentes da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Luiz Davidovich, da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), Tamara Naiz, e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Marcos Cintra, o diretor-geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha do Brasil, almirante-de-esquadra Bento Costa Lima Leite de Albuquerque Junior, o secretário de Política de Informática do MCTIC, Maximiliano Martinhão, e o ex-ministros Clelio Campolina Diniz e Celso Pansera.

Realizada desde 1948, com representantes de sociedades científicas, autoridades e gestores do sistema nacional de ciência e tecnologia, a Reunião da SBPC é um fórum para difusão dos avanços da ciência nas diversas áreas do conhecimento e de debates de políticas públicas para a ciência e tecnologia.

Fonte: MCTIC

Foto: No campus da UFMG, em Belo Horizonte, SBPC realiza sua 69ª Reunião Anual cuja abertura teve a participação do secretário Jailson de Andrade. Crédito: Ascom/MCTIC