Promover o uso inovador das redes avançadas tem sido a nossa missão há alguns anos. Um de seus desdobramentos recentes foi nosso apoio à Rede de Educação e Pesquisa de Moçambique, a MoRENet, montar uma estrutura nacional do eduroam e uma federação de identidade, que recebeu o nome de CAF-Moz. Com o eduroam, membros da MoRENet e, posteriormente, das instituições que fazem parte dessa rede poderão ter acesso rápido e fácil a redes Wi-Fi em mais de 80 países no mundo, usando o mesmo login e senha de suas respectivas instituições. Além disso, a federação de identidade viabilizará e facilitará a implementação de novos serviços federados na rede de Moçambique.
“Consideramos a participação da RNP na implementação do serviço eduroam e da nossa federação de identidade muito positiva. Nossos quadros aprenderam com a experiência dos especialistas da RNP não só sobre os aspectos técnicos, mas também sobre gestão de projetos, além da atitude e responsabilidade perante uma iniciativa dessa envergadura e importância”, ressaltou o diretor-executivo da MoRENet, Lourino Chemane.
Contudo, não é de hoje que a RNP está dividindo sua expertise e pioneirismo em TIC com a rede moçambicana. Com a assinatura do Plano de Trabalho de Colaboração entre a RNP e a MoRENet, em 2013, foram estruturadas atividades que as duas redes se propõem a realizar como parte dessa colaboração.
Nesse período, representantes da MoRENet estiveram algumas vezes na RNP, a fim de obter informações para a institucionalização da rede moçambicana, estabelecer possíveis atividades de colaboração e participar de capacitações. Outro destaque da parceria foi a ativação do polo de capacitação da Escola Superior de Redes (ESR) na cidade de Maputo, em Moçambique, em junho de 2015. Esse foi o primeiro polo fora do Brasil e tem como objetivo levar o conhecimento de especialistas da rede acadêmica brasileira para o continente africano.
Para conhecer um pouco mais sobre essa parceria da RNP com a Morenet, confira a entrevista completa com o diretor-executivo da MoRENet, Lourino Chemane.
1. Quais foram os principais marcos de desenvolvimento da MoRENet nos últimos quatro anos?
A MoRENet tem registrado um crescimento significativo desde 2013. Alguns aspectos funcionam como indicadores, como a expansão da rede para mais instituições de ensino superior e de pesquisa. O aumento foi de 12 instituições localizadas na cidade de Maputo, em 2013, para 85 instituições distribuídas por todas as províncias do país. Outro destaque foi a implementação do Projeto de Redes Sem Fios em Campus Universitários (Redes Wi-Fi) em 16 campi. Também tivemos um expressivo aumento da largura de banda do backbone da MoRENet e na internacional. Em 2013, a saída internacional era de 155 Mbps e, em 2016, passou para 620 Mbps. Estamos, neste momento, no processo de aumento da largura de banda internacional para 1,25 Gbps, a fim de respondermos à grande demanda de serviços da MoRENet, e estimamos que até final de 2017 chagaremos a 2,5 Gbps. Esse aumento quase exponencial da largura de banda internacional é acompanhado pelo aumento das ligações nacionais, respectivamente das ligações de backbone e de acesso das instituições à MoRENet. Criação do modelo de negócio, capacitação do corpo técnico pela Escola Superior de Redes (ESR) da RNP, implementações de serviços e ativação do polo da ESR em Maputo também estão entre os marcos desse período.
2. Quais desses marcos contaram com o apoio de RNP?
Uma delas foi a ativação do polo de capacitação da Escola Superior de Redes (ESR) na cidade de Maputo, em Moçambique, que possibilita a realização de capacitações à distância dos pontos focais das instituições ligadas à MoRENet. O objetivo é trazer o conhecimento de especialistas da ESR para o continente africano, como parte da cooperação sul-sul e da relação entre os membros da comunidade acadêmica do Brasil e os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP). A RNP também apoiou a implementação de novos serviços da MoRENet, como o eduroam e a CAF-Moz. Estamos trabalhando para oferecer, em um futuro breve, os serviços FileSender@RNP, de transferência de arquivos, Conferência Web e fone@RNP. Outro destaque dessa parceria foi a apoio que tivemos no processo de revisão e aprovação do Modelo de Negócios da MoRENet, que contou com contribuições e análise crítica de especialistas da RNP.
3. Como você avalia a parceria da RNP ao longo desse período?
Nossa avaliação da parceria com a RNP é positiva. Os resultados das ações de colaboração acima indicadas são muito importantes para o atual desenvolvimento da MoRENet. O engajamento e o profissionalismo dos especialistas da RNP têm servido de exemplo nossos jovens colaboradores, que têm buscado neles a inspiração para os desafios da rede, que são muitos. Como exemplo, a MoRENet terá que aumentar a cobertura dos seus serviços para cerca de 150 instituições de ensino técnico profissional de 2017 a 2019, para cobrir um universo de cerca de 70 mil estudantes. A confiança e segurança com que abordamos os desafios da MoRENet têm contado com o aprendizado adquirido com a RNP. Um dos reflexos do sucesso dessa colaboração é o fato de estarmos iniciando agora o processo de revisão do Plano de Colaboração entre a RNP e a MoRENet para os próximos dois anos.
4. O que significa para a MoRENet e para Moçambique a entrada oficial no mapa do eduroam?
Constitui um grande marco, não só para a MoRENet, mas principalmente para os membros da comunidade academica de Moçambique. Significa também motivo de orgulho dos jovens quadros da MoRENet, que com o apoio de especialistas da RNP conseguiram no período definido implementar este projeto com sucesso. Só o futuro registará os resultados e impactos deste serviço, quando os membros da comunidade acadêmica de Moçambique passarem a se beneficiar das facilidades de mobilidade e continuarem a usufruir dos serviços de comunicação de dados das suas instituições e da MoRENet, mesmo em outro país, sem terem o transtorno de sempre pedir um novo registo ou um registo temporário, como hóspedes (guest), nas instituições que visitam. O desafio que temos como MoRENet é a expansão deste serviço para a maior parte das nossas instituições membros, e gostaríamos de continuar a contar com o apoio da RNP neste exercício.
Moçambique, no âmbito da cooperação com o Brasil na área da educação, ensino superior, ciência e tecnologia, tem um número significativo de moçambicanos estudando nas instituições de ensino superior brasileiras. Há uma crescente tendência de aumento de visitas de especialistas e professores do Brasil a Moçambique, como parte desta colaboração. Estes serão os maiores beneficiários desses serviços.