Novo diretor-executivo da RedCLARA fala sobre parcerias com o Brasil

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“Não podemos falar apenas de conectividade”. Essa é a visão do novo diretor-executivo da Cooperação Latino-Americana de Redes Avançadas (RedCLARA), Luis Eliécer Cadenas, que destaca como principais desafios da RedCLARA oferecer acesso aberto a recursos para a comunidade científica; contribuir para que as redes acadêmicas cumpram sua missão, de fazer crescer a comunidade que utiliza a sua infraestrutura; promover e coordenar projetos regionais que usem seus serviços e suas redes associadas; e incrementar o diálogo com as comunidades de pesquisa. Tudo isso com base em uma infraestrutura tecnológica de ponta, estável e confiável.

O novo diretor-executivo de CLARA, Luis Eliécer Cadenas, assumiu a liderança da organização que opera e une as redes acadêmicas da América Latina em 30/6, durante o Tical 2017, e sucedeu Florencio Utreras, que exerceu o cargo de 1º/1/2005 a 30/6/2017. Confira abaixo uma entrevista exclusiva com Cadenas.

Quais são as possibilidades de cooperação com a RNP?

O Brasil tem um plano estruturado no que diz respeito à ciência e tecnologia, P&D e, em particular, ao desenvolvimento de redes. A RedCLARA necessita incrementar seu papel como articuladora de capacidade [de redes] e grande parte do tema tem a ver com o desenvolvimento de alianças que possam beneficiar a América Latina. Se nós juntarmos nossas expertises locais, vamos alcançar um melhor aproveitamento do investimento. Um tema importante que vou propor à RNP para que trabalhemos juntos é a Escola Superior de Redes (ESR), a fim de levar essa experiência para toda a região e fazer com que as outras redes também se beneficiem. Temos que começar a oferecer mais conhecimento, porque, tradicionalmente, estivemos muito focados em conectividade. Desenvolver conhecimento na comunidade de pesquisa para usar ferramentas computacionais não é algo trivial de se fazer.

Poderia citar exemplos?

Uma área de ponta, como a astronomia, que está recebendo muitos investimentos no Chile. Um astrônomo, hoje em dia, já não é mais um cientista que se sentava e, pelo telescópio óptico, observava o céu. Ele recebe uma quantidade absurda de dados todos os dias e tem que processá-los. Então, o cientista não pode estar sozinho, precisa estar acompanhado por alguém que saiba fazer esse processamento. Essa é uma construção de capacidade indispensável, para que o investimento que fazemos em nível regional realmente possa ser aproveitado. Outro espaço potencial para cooperação existente no mercado é a RNP exercer a função de broker para promover infraestrutura e serviços [de computação em nuvem]. Podemos juntar demandas e, quando necessitarmos, adquirir serviços ou infraestrutura de alguns provedores, conseguindo uma posição vantajosa. O apoio que podemos ter junto ao Brasil seria enorme, pois é o país com maior peso na região.

Quais são as perspectivas de integração regional com o avanço do projeto Bella?

O projeto Bella (Building Europe Link to Latin America) é, provavelmente, o mais importante que estamos levando adiante hoje em dia, pelo impacto que a disponibilidade de fibras e recursos vão prover à região e pela mudança que ele traz na estrutura de custos, pois vai permitir que haja uma economia de escala e que as redes acadêmicas sejam mais sustentáveis. Não podemos falar apenas de conectividade, é importante que mantenhamos o equilíbrio, entendendo que Bella é um projeto crítico para o nosso êxito como região, mas ainda há muito o que fazer. Já estamos avançando nos processos licitatórios na procura do que chamados de trechos terrestres, no projeto Bella-T. Esperamos que boa parte disso esteja contratado e implementado até o começo de 2019 e que avance o processo que corresponde à conexão do cabo submarino, outro componente importante para o aumento da capacidade.