16º WRNP

- 22/05/2015

“A inovação é inútil a menos que se resolva problemas reais para pessoas reais”. Com essa declaração, o diretor de Tecnologia da rede norte-americana ESnet, Inder Monga (foto 1), marcou o primeiro dia do 16º WRNP, realizado nos dias 18 e 19/5, na capital capixaba. O evento reuniu a comunidade de pesquisa em Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC).

Guiado pela questão 'Por que inovar?', Inder Monga expôs como o tráfego no ambiente acadêmico tem evoluído, historicamente, em uma velocidade maior do que a internet comercial. Ele elencou as características daquela que deverá ser a próxima arquitetura de rede. O redesenho deverá estimular uma maior interação entre a infraestrutura e as aplicações científicas.

O diretor da ESnet propôs um novo modelo para a melhoria do fluxo na rede e apontou como alternativa o Named Data Networking (NDN), um novo tipo de arquitetura orientada a conteúdo, indicada por seu nome e não mais por sua localização física, definida por um endereço de rede. Para o palestrante, as organizações que operam as redes acadêmicas precisam “superar desafios de software”. Diante disso, a ESNet investe em um projeto de operacionalização de Redes Definidas por Software (Software-Defined Networking - SDN), com foco em automação, análise e garantia, a fim de oferecer suporte operacional a essa plataforma programável.  

A tecnologia SDN também foi apontada como o futuro da colaboração acadêmica internacional por Jeronimo Bezerra, da Universidade Internacional da Flórida (FIU). Coordenador de projetos na AmLight, infraestrutura de redes composta por quatro enlaces de 10 Gb/s, entre Miami, Brasil e Chile, ele destacou que a SDN permite que a rede seja programável na camada de virtualização. “A grande vantagem dessas topologias é a redundância mútua. Se cair a rede no anel SDN, assume o outro anel MPLS”, comentou.

Espaços para experimentação

Outro destaque foram os painéis sobre avanços constantes na área de gestão de identidades. O Comitê Técnico de Gestão de Identidades (CT-GId) anunciou o novo laboratório de experimentação, GIdLab, voltado para pesquisadores que queiram testar novas formas de autenticação e autorização.

Na área audiovisual, o professor e fundador do Núcleo de Pesquisa e Extensão em Aplicações de Vídeo Digital da Universidade Federal da Paraíba (LAViD/UFPB), Guido Lemos, falou sobre o Comitê de Videocolaboração, que visa estruturar e estudar o futuro das aplicações nas mais variadas áreas de pesquisa, desenvolvimento e inovação.

“Começamos no ano passado, com o mapeamento da capacidade instalada da pesquisa no Brasil (...) e alguns dos temas que apareceram foram a evolução da resolução do vídeo, 3D, comunicação, segurança, telessaúde e infraestrutura. Na área de resolução, estamos vivendo o mesmo que aconteceu com o áudio. Só paramos quando atingimos o limite de qualidade que o ouvido humano é capaz de perceber. Os laboratórios estão trabalhando para alcançar o máximo que o olho pode capturar, chegando a um padrão de recepção de vídeo em que não dá mais para diferenciar real e virtual”, destacou.

Expansão da internet

O diretor-geral da RNP, Nelson Simões (foto 2), defendeu a criação de novos caminhos para interligar o Brasil com o mundo, no painel ‘Um País (melhor) Conectado’. “Hoje, a infraestrutura de fibras dedicada a educação e pesquisa tem uma distribuição que não segue a lógica de uma colaboração muito importante que temos com a Europa e a África, por exemplo. Só temos ligação internacional com a América do Norte”, relatou.

Simões citou a meta de levar infraestrutura de comunicação e colaboração para os campi de universidade e institutos federais localizados no interior do país. Um dos parceiros da ação é o Exército Brasileiro, que está envolvido com a RNP no programa Amazônia Conectada, que visa prover infraestrutura de fibra óptica para a população ribeirinha com o lançamento de um cabo subfluvial, instalado nos leitos afluentes da Bacia Amazônica.

De acordo com o chefe do Centro Integrado de Telemática do Exército (CITEx), general Decílio Sales, o teste de conceito do cabo subfluvial foi realizado com a colocação de fibras em um trecho de 10 km, no Rio Negro, nos dias 7 e 8/4. A conexão está funcionando, desde então, sem apresentar problema técnico.

Em outra palestra, o diretor de Engenharia e Operações da RNP, Eduardo Grizendi (foto 3), trouxe o panorama completo da rede acadêmica, a Ipê. Atualmente, são mil e duzentos campi conectados a esta, 50 infraestruturas metropolitanas próprias e 2.400 km de cabeamento óptico metropolitano próprio.

Ele comemorou a recente ativação do enlace em fibra óptica no Amapá, o último ainda atendido por rádio, e a melhora na disponibilidade no Nordeste, devido à ativação de circuitos em parceria com a Telebras. Afirmou, ainda, que pretende ativar, até o final de 2015, a rota Rio-São Paulo-Brasília a 100 Gb/s. “Vamos terminar o ano com o nosso backbone ‘gigatizado’”, garantiu.

Integração de tecnologias em sala de aula

Devido à urgência de maior integração e conectividade nas salas de aulas, a professora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Simone Biléssimo, trouxe dados atualizados sobre a realidade do ensino do país: média de computadores em apenas 10,39% das escolas e 55,70% de instituições de ensino sem laboratórios de informática. Especialistas apresentaram ferramentas de experimentação remota que podem ser soluções para a falta de infraestrutura e, também, para despertar o interesse dos alunos.

A professora titular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Liane Tarouco (foto 4), mostrou recursos de games, ferramentas de geração de conteúdo e de interação amigáveis e destacou a necessidade de prender a atenção do estudante, disperso por estímulos como redes sociais e WhatsApp. “As pessoas não são multitask, como pensam, são multi switches. Mudam de um estímulo para outro e perdem tempo e foco nisso”, explicou.

Ela ressaltou o potencial da inovação pedagógica e mostrou dados que comprovam que “a aprendizagem é essencialmente um processo ativo. Nossas ferramentas de autoria têm que nos ajudar a gerar conteúdo”, concluiu.

Veja a cobertura completa do 16º WRNP em wrnp.rnp.br/noticias.