João Souza Neto explicou como organizações devem se preparar para adotar inovação
Como adotar novas tecnologias com segurança e riscos controlados? Quais as principais questões a se levar em conta no processo? Como balancear as vantagens e os riscos? Essas e outras questões foram abordadas no segundo dia de Fórum RNP pelo keynote speaker João Souza Neto, presidente do Capítulo Brasília da ISACA. Ele detalhou processos a serem levados em conta e fez um alerta: “É preciso estar muito consciente das incertezas a se enfrentar.”
A partir da consulta de um produtor rural que pretendia comprar drones para usar em sua plantação, Souza listou dez perguntas que todo gestor deve fazer antes de contratar uma nova tecnologia – adaptando a cada caso.
1 – Conhece os custos de implantação e operação de uma solução de drones?
2 – Conhece os custos de uma manutenção preventiva?
3 – Avaliou a compatibilidade da solução de drones com o seu ambiente de TI?
4 – Avaliou como a solução de drones impacta o seu ambiente?
5 – Avaliou a questão do aprisionamento tecnológico?
6 – O fornecedor dos drones está em conformidade com as legislações?
7 – Perguntou ao fornecedor sobre a propriedade dos dados?
8 – Avaliou como será feita a segurança e a gestão de dados e imagens dos drones?
9 – Dispõe de uma infraestrutura de hardware e software para avaliar os dados?
10 – Avaliou os custos de treinamento dos pilotos?
Ele recomenda: se não tiver respondido SIM a pelo menos sete das perguntas, ainda não compre a nova tecnologia.
Segundo Souza, os fornecedores são convincentes, e os profissionais se sentem pressionados pela adesão de concorrentes. É preciso evitar agir por impulso. “Combatam a empolgação. Não adquiram novas tecnologias sem uma avaliação criteriosa dos aspectos-chave.” Mas também alertou que as incertezas podem levar a problemas sérios, como aumento de custos e de complexidade, integração de sistemas, criação de “aprisionamento tecnológico” e resistência da equipe.
Outro aspecto a se levar em conta é a possibilidade de se ficar dependente de uma tecnologia que é propriedade de outra empresa. “Outro risco é a dependência de fornecedores, o que traz o problema da tecnologia proprietária, que é justamente o aprisionamento tecnológico Você fica preso àquele fornecedor. É o que acontece com computação em nuvem. Para se mudar de provedor, é um processo complexo”, relatou Souza Neto.
Hackers do Bem
Mais cedo, a Arena I foi palco para o debate sobre um dos principais projetos da RNP, o Hackers do Bem. A iniciativa promete revolucionar o cenário da cibersegurança no Brasil, capacitando até 40 mil profissionais a partir de 2024. Para Iara Machado, diretora de Pesquisa, Inovação e Desenvolvimento da RNP, uma palavra define o programa: transformação.
Iara apresentou os três pilares do Hackers do Bem: formação de RH em segurança cibernética e privacidade; o desenvolvimento tecnológico de ferramentas para o setor; e a criação de um hub de inovação em cibersegurança. No centro, está a governança da RNP junto aos parceiros na iniciativa, como o Softex e o Senai. “Mais do que qualificar profissionais, o projeto pretende mudar este atual cenário de cibersegurança”, afirmou a diretora.
Segundo o diretor-adjunto de cibersegurança da RNP, Emílio Nakamura, faltam 3,5 milhões de profissionais para o setor no mundo. Só no Brasil, 350 mil vagas não estão preenchidas devido ao déficit de mão-de-obra qualificada. “Quando comecei a trabalhar, uma pessoa dava conta de fazer toda a segurança de um ambiente. Hoje, temos de ter um profissional para segurança de redes, outro para ethical hacking, um terceiro para implementar controles, outro para controle de acesso… Essa abrangência das necessidades de segurança contribui para o déficit de profissionais”, explicou Nakamura.
Leandro Guimarães, diretor-adjunto da Escola Superior de Redes (ESR), contou que a Escola está inovando em soluções de ensino, adequando a linguagem, apostando em gamificação e outras estratégias para se adequar aos alunos mais jovens, egressos do ensino médio.
Lisandro Granville, diretor-adjunto de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação celebrou os resultados da primeira chamada pública do Hackers do Bem, que recebeu um grande número de propostas para desenvolver novos produtos para capacitação em cibersegurança.