Há sete anos, o acesso à internet é considerado pela Organização das Nações Unidas (ONU) como um direito humano, pois a informação deve estar ao alcance de todos. E, como nesse mesmo período, as demandas por conexão aumentaram exponencialmente, a comunidade mundial de pesquisa em redes de computadores continua em trabalho constante para que os acessos sejam cada vez mais democratizados. No Brasil, um exemplo é o que está sendo realizado no Nordeste do país. No segundo trimestre de 2018, entraram em operação conexões de altíssima velocidade que beneficiaram os estados de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte.
Essas conexões fazem parte da nova infraestrutura de internet acadêmica no Brasil, construída em parceria com a Chesf e operada pela Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), chamada de rede Ipê, que interconecta instituições de ensino superior e pesquisa em todo o país, entre elas universidades, hospitais universitários e institutos de pesquisa de todos os estados. O diretor de Engenharia e Operações da RNP, Eduardo Grizendi, explica o potencial dessas conexões. “Por estar presente em todo o território nordestino, a Chesf nos permite conectar diversas instituições no interior. Com isso, assumimos a responsabilidade e o compromisso de oferecer uma conexão de maior qualidade às nossas instituições no Nordeste brasileiro”, diz Grizendi.
O acordo firmado entre a RNP e a Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf) apoia a evolução tecnológica da rede acadêmica nacional e tem como suporte as fibras ópticas das linhas de transmissão elétrica da companhia. Essa parceria tem duração de 20 anos e recebe investimentos do Programa Nordeste Conectado, do Ministério da Educação (MEC), que impulsiona o acesso à banda larga, principalmente nas cidades do interior do Nordeste, com foco em educação e pesquisa.
Entre as instituições já conectadas pela rede Ipê utilizando esta nova infraestrutura, está a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), que também se beneficiará da internet em alta velocidade. O professor do Departamento de Sistemas e Computação do Centro de Engenharia Elétrica e Informática da Universidade, Francisco Brasileiro, acredita que os principais benefícios para as atividades de educação estão relacionados com a possibilidade de ampliar o uso de telepresença e a chance do intercâmbio acadêmico a distância entre as várias instituições de ensino do país. ‘‘Do ponto de vista da pesquisa, o aumento da capacidade da rede Ipê viabiliza o acesso e a troca de grandes massas de dados, cada dia mais comuns na metodologia científica usada por grupos de pesquisa das mais diversas áreas de conhecimento”, comenta Brasileiro.
As parcerias firmadas pela RNP para promover a evolução da infraestrutura da rede Ipê garantem o crescimento praticamente ilimitado da velocidade da internet acadêmica não apenas para uso em aplicações básicas como a navegação web, correio eletrônico e transferência de arquivos, mas também para o desenvolvimento de novos serviços especializados e projetos científicos e de experimentação de novas tecnologias e aplicações.
Para a primeira fase do acordo RNP-Chesf, está prevista ainda a conclusão e entrega, até o fim deste mês, de outras quatro conexões de altíssima velocidade em 100 Gb/s no Nordeste: de Fortaleza a Natal, de Recife a Maceió, de Maceió à Aracaju e de Aracaju à Salvador. Ao todo, 28 campi de instituições federais de 19 cidades no interior desses estados nordestinos serão beneficiados diretamente, com velocidades a partir de 1 Gb/s.
Até o final de 2019, em uma segunda etapa do projeto, outras rotas semelhantes também entrarão em operação, entre Fortaleza (CE), Teresina (PI), Petrolina (PE), Juazeiro (BA), Senhor do Bonfim (BA) e Salvador (BA), estendendo o benefício a outras 77 cidades do interior do Nordeste.
O aumento da capacidade da rede Ipê no Nordeste também beneficia, de forma geral, todas as instituições conectadas aos Pontos de Presença (PoPs) da RNP nas capitais desses estados. Essa capacidade de altíssimo desempenho poderá ser levada também para outras localidades do interior, além daquelas já contempladas pela parceria RNP-Chesf, a partir de projetos empreendidos entre a RNP e os governos estaduais.