Um futuro alavancado pela Inteligência Artificial

- 07/08/2019

No filme “Ela” (Her, Spike Jonze, 2013), o protagonista Theodore Twombly (Joaquin Phoenix), solitário após o fim de um relacionamento, adquire um novo assistente virtual revolucionário, capaz de interagir com humanos com se ele próprio fosse um. A produção narra o desenrolar do relacionamento de Theodore com a assistente virtual, chamada de Samantha (Scarlett Johansson), que evolui e aprende a cada interação com Theodore e com o mundo que lhe é apresentado.

O processo de evolução da Samantha é conhecido como Aprendizado de Máquina (Machine Learning), uma das bases do que chamamos de Inteligência Artificial. É a capacidade de um programa de computador aprender e, até mesmo, tomar decisões sem ser explicitamente programado. A cada nova interação a base de conhecimento de Samantha é incrementada, fazendo com que ela passe a tomar decisões cada vez mais sofisticadas.

É difícil prever o quão longe ou próximo estamos do lançamento de uma assistente virtual como Samantha, mas aplicações que utilizam o aprendizado de máquina e Inteligência Artificial estão evoluindo rapidamente e já fazem parte do nosso dia-a-dia.

Bancos, operadoras de celular e empresas de varejo têm nos apresentado às suas novas ferramentas de atendimento ao público: assistentes virtuais que aprendem a partir de cada interação com seus clientes. A lógica é semelhante ao que vimos em “Ela”, cada nova interação com o público alimenta uma base de conhecimento que será utilizada para auxiliar a tomada de decisão em interações futuras.

Na Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), estamos fomentando iniciativas de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) em Inteligência Artificial. Um exemplo é o projeto TeleDIAC – Sistema de IA para Diagnostico de Catarata, que vem sendo desenvolvido por uma equipe de pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Esta iniciativa, junto a outras cinco, foi selecionada para participar do Desafio em Inteligência Artificial lançado pela RNP em parceria com a Microsoft.

O projeto já nasce dentro de outra iniciativa também inovadora: o programa Teleoftalmo, que permite realizar exames oftalmológicos em pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) via ferramenta própria de videocolaboração, com interação em tempo real entre médicos e pacientes em centros totalmente remotos, aumentando a capilaridade do atendimento.

O objetivo do TeleDIAC é auxiliar no diagnóstico de cataratas utilizando Inteligência Artificial, o que trará agilidade no processo de identificação da doença e reduzirá custos e o tempo dos atendimentos, dois gargalos do SUS.

A partir de uma base de exames já diagnosticados, é possível gerar um padrão de identificação “treinando” um programa de computador para classificar novos exames e apoiar o médico oftalmologista no diagnóstico. Ainda, a cada novo exame classificado e com laudo confirmado pelo médico oftalmologista, a base de conhecimento é incrementada, aumentando cada vez mais a acurácia do diagnóstico pelo programa.

Nos próximos anos, veremos a Inteligência Artificial alterando o modo como executamos diversas de nossas atividades profissionais e pessoais. E, como toda nova tecnologia, questionamentos sobre os caminhos que serão tomados a partir de sua aplicação serão frequentes e bem-vindos inclusive.

A nossa missão na RNP é incentivar novas ideias sobre plataformas de redes e possíveis novidades tecnológicas para ampliar o conhecimento de todos, e é importante ver bons exemplos surgindo em nossas inciativas, para mostrar o impacto positivo que a Inteligência Artificial pode nos trazer.

Por Rafael Valle*

*Rafael Valle é coordenador de Pesquisa e Desenvolvimento da RNP.