HFA: o pioneiro do futuro de hospitais públicos 4.0, inteligentes e conectados

- 29/10/2020

Sistema cognitivo de inteligência artificial (IA). Internet das coisas (IoT). Big data. Atendimento via telemedicina. Sensores e sistemas de monitoramento de temperatura e movimento. Veículos elétricos que são protótipos para ambulâncias do futuro. Todas essas tecnologias aplicadas em um hospital inteligente e hiperconectado, com rotinas e processos otimizados, em que profissionais de saúde conseguem agir com mais agilidade e assertividade e os pacientes são o centro do processo. Se a descrição que você leu até agora parece utópica, vai ficar surpreso em saber que, na verdade, é um projeto em implementação bem aqui, no Brasil, e dentro de um hospital público. No Hospital das Forças Armadas (HFA), nasce um hospital 4.0 para endossar a premissa de que o futuro é agora. E mais: hoje, produtos e sistemas são validados no HFA; “amanhã”, serão escalados para âmbito nacional.

Construindo o hospital do futuro

No meio do coração do Brasil, um projeto que visa a implementação de novas tecnologias na saúde nasce dentro do Hospital das Forças Armadas (HFA). A proposta é transformar a unidade em uma espécie de laboratório, onde acontece a incubação e aceleração de projetos inovadores para escalar esses sistemas e produtos validados no HFA para unidades de saúde de todo o país. A iniciativa conta com a parceira dos Ministérios da Saúde (MS) e de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).

“Esse conceito de hospital 4.0 está vinculado à Indústria 4.0”, explica o Coronel Isaias de Oliveira Filho, gestor do Programa Inova HFA. Algumas das principais tecnologias que compõe a também chamada 4ª Revolução Industrial são internet móvel, inteligência artificial, automação, machine learning, big data, sensores e objetos conectados que possibilitam a internet das coisas. “Estamos falando de tecnologias aplicadas e digitalização de processos. É um longo percurso. O HFA hoje tem priorizado adequar sua infraestrutura, tanto de energia quanto de transmissão de dados, para acolher todos os processos que estão sendo digitalizados em um conceito de hospital inteligente”, complementa Oliveira.

HFA 4.0

 

Mas, afinal, o que esse hospital tem de diferente? Quem chega para ser atendido no HFA logo se depara com câmeras térmicas, que medem rapidamente a temperatura de várias pessoas, simultaneamente – medida essencial no combate à pandemia da Covid-19. Em ação, subsidiando as equipes assistenciais, está o primeiro robô cognitivo gerenciador de riscos do mundo, o Sistema de inteligência artificial Laura, com a missão de identificar antecipadamente os riscos de deterioração clínica.

Implementada desde março no hospital, por meio de um acordo de cooperação entre HFA, MCTI, Instituto Laura Fressatto e Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), a IA opera analisando mais de 90 variáveis de informações clínicas, que vão desde a frequência cardíaca até resultados de exames do paciente. A cada três segundos, o robô faz uma nova análise de cada pessoa e, se tiver algo errado, emite alertas, indicando uma possível causa.

Com os dados coletados, o Sistema elabora um índice de risco da deterioração clínica para cada paciente e analisa se aquele caso se assemelha a algum anterior em que a pessoa atendida foi a óbito. Os casos mais graves são priorizados. E a tecnologia só evolui: com machine learning (em tradução livre, aprendizado de máquinas) a inteligência artificial reconhece padrões e aprende conforme tem acesso a mais dados. Além disso, a tecnologia é automatizada para receber treinamento, de acordo com a orientação do hospital. Os médicos treinam os algoritmos para atender diversas enfermidades.

O médico infectologista do HFA Hemerson dos Santos Luz elucida que o uso dessas tecnologias está impulsionando uma transformação no dia a dia do hospital. 

Médico infectologista do HFA Hemerson dos Santos Luz

Em alguns casos, para receber atendimento, nem é necessário se dirigir ao HFA. A solução de Pronto Atendimento (PA) Digital do Robô Laura coloca um chat-bot a serviço de pessoas que tenham dúvidas sobre o novo coronavírus ou queiram conferir se estão com sintomas característicos da doença, sem sair de casa, em uma triagem online no site da instituição. A solução ajuda a evitar aglomerações e diminuir idas desnecessárias ao pronto atendimento.

 

Outra solução remota é o atendimento via telemedicina, que permite o usuário ser atendido, 24 horas por dia, sete dias por semana. Por meio de um computador ou outro dispositivo móvel, pacientes e equipes médicas se conectam de onde estiverem. Para integrar os sistemas de telemedicina e do PA Digital do Laura, o hospital ainda criou o Smart HFA, uma plataforma de atendimento médico digital em experimentação. A iniciativa alia a triagem feita pela IA com o teleatendimento e, se for indicação do médico, o paciente pode ser encaminhado para atendimento presencial no HFA. A plataforma é uma cooperação entre Ministério da Defesa (MD) e MCTI e conta com parceria do Instituto Laura Fressatto e o Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE).

Dentro do pacote de tecnologias do Inova HFA também está um sistema que faz o monitoramento de veículos que transitam pelo hospital e o uso de veículos elétricos que são protótipos para como as ambulâncias devem em um futuro próximo. 

Saúde tecnológica, acessível e de qualidade para todos

Os maiores beneficiados pela adoção dessas ferramentas tecnológicas são os pacientes atendidos. Considerados o ponto central dos processos que compõem o atendimento médico, esses cidadãos atendidos no Sistema Único de Saúde (SUS) devem receber atendimento otimizado, ágil e de qualidade, priorizando casos mais urgentes e salvando mais vidas.

Coronel Isaias de Oliveira Filho, gestor do Programa Inova HFA

O ativista, criador do Robô Laura e presidente do Instituto Laura Fressatto, Jacson Fressatto, argumenta que a implementação do sistema de inteligência artificial na unidade como primeiro passo para escalar a solução para a rede pública é um avanço que visa garantir dois fatores por muito tempo considerados empecilhos: assegurar uma ferramenta segura de processamento de dados e um recurso de alta performance, acessível a saúde pública.

Criador do Robô Laura e presidente do Instituto Laura Fressatto, Jacson Fressatto

A RNP tem apoiado o HFA na construção desse hospital inteligente. Além da aliança por meio do acordo de cooperação que possibilitou a implementação do Sistema Laura no hospital, em março deste ano, a parceria com a instituição de saúde ainda se dá  pelas ofertas da RNP, como a qualidade de transmissão de dados, alta disponibilidade, desempenho e segurança e uso de serviços, como o ConferênciaWeb, IPCEdu Certificação Digital, FileSender, Vídeo@RNP e Videoconferência. O HFA é também é um dos associados a Rede Universitária de Telemedicina (RUTE), que integra as principais instituições de ensino e pesquisa e hospitais de referência do país, para troca de experiências sobre saúde e aprimoramento de projetos em telemedicina.

“Quando falamos em adequar a infraestrutura, o ponto central é a transmissão de dados. Sem o aporte de transmissão de grande volume de informações, feito pela RNP, nada seria possível.”, finaliza Coronel Oliveira.

Antônio Carlos Fernandes Nunes