Debate sobre saúde indígena em tempos de pandemia reúne especialistas dos Ministérios de Saúde do México, Brasil e SIG Saúde Indígena

- 13/08/2020

O Grupo de Interesse Especial (no inglês, SIG) COVID19 BR, da Rede Universitária de Telemedicina (RUTE), promoveu, em parceria com a Associação Brasileira de Telemedicina e Telessaúde (ABTms), uma sessão internacional com especialistas mexicanos, no dia 3/8, para tratar de um assunto importante e que preocupa ambos os países: “A saúde dos povos indígenas em tempos de Covid-19”.  Fizeram apresentações no encontro virtual o diretor de Medicina Tradicional e desenvolvimento Intercultural do Ministério da Saúde do México, Dr. Jose Alejandro Almaguer González e a coordenadora da Gestão da Atenção à Saúde Indígena, da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai/MS), Dra. Zaira Zambelli Taveira.

Também moderaram a reunião o especialista em medicina tradicional mexicana Dr. Hernán Garcia, e os professores coordenadores do SIG Saúde Indígena, Dr. Leonardo Frajhof Unirio e a coordenadora do Núcleo Regional de Telessaúde Indígena do  Instituto de Medicina Integral Prof.Fernando Figueira de Recife, Dra. Jeane Couto e a gerente do projeto de Telessaúde Indígena Dra.Núbia Melo.

O Dr. Jose Alejandro Almaguer González iniciou a sessão com uma apresentação sobre o “Modelo intercultural da atenção à saúde”, implementado pelo governo do México.  Ele fez uma breve contextualização sobre a diversidade dos povos mexicanos, oriundos de três fontes: povos originários (68 seguem vivos), repovoamento (conquistas, pessoas que ficaram no México e etc) e a globalização de forma mais recente. Também mencionou o holocausto dos povos indígenas provocado desde a “conquista da América” e como a medicina tradicional foi utilizada, durante anos apenas, comercialmente, explorando o conhecimento das plantas.

Em seguida, o diretor do MS mexicano entrou no contexto do enfrentamento da Covid-19 e da proteção aos povos indígenas.

“O primeiro alerta que chegou para os diretores nacionais do México foi que as comunidades indígenas estavam se isolando. Tivemos que emitir um oficio nacional para os secretários de saúde, sob minha direção, que não impedissem o uso das suas áreas por eles. Isso era perigoso, porque eles tinham o seu conhecimento de como fazer e explorar suas áreas para se proteger. E eles não tinham outra alternativa. Temos 400 mil localidades de menos de 500 habitantes, onde não há hospital, centro de saúde ou um médico sequer. Lá tem parteira e curandeiro, que usam seus conhecimentos”, explicou o Dr. González.

Ele explicou, também, como se deu a formação de grupos de jovens indígenas que foram capacitados para usar concentradores de oxigênio e conseguiram resultados extraordinários nas suas comunidades com os casos mais graves.

Telessaúde na atenção à saúde indígena
Na segunda parte da sessão, a Dra. Zaira Zambelli Taveira apresentou as ações da Secretaria Especial de Saúde Indígena, do Ministério da Saúde (Sesai/MS) relacionadas à telessaúde. Ela iniciou a participação expondo os dados referentes aos povos indígenas, colhidos no último Censo Nacional, de 2010: país possui 817 mil indígenas (0,5% da população brasileira), divididos em 305 etnias.

Depois, apresentou a linha do tempo das ações de atenção à saúde dos índios no Brasil. Em 1999, foi criado o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SASISUS), que atende, atualmente, cerca de 753 mil índios. Em 2002, foi criada a Política de Saúde para os povos indígenas e, finalmente, em 2010, a SESAI Secretaria Especial de Saúde Indígena.  

No âmbito do Projeto de Telessaúde para a Saúde Indígena, o objetivo geral é contribuir para a melhor qualificação das equipes de saúde que atuam nas comunidades indígenas por meio da oferta dos serviços de telessaúde focados na tele-assistência e tele-educação. Dentro de um contexto mais específico, as metas são oferecer teleconsultoria nas áreas de saúde da família e comunidade, saúde da criança, saúde da mulher, saúde mental; oferecer segunda opinião formativa ; oferecer cursos de qualificação a distância, em consonância com os programas do MS e com levantamento de necessidades junto às equipes mutiproficional de saúde indigena.

Assista à sessão na íntegra

Saiba mais sobre o SIG COVID19 BR