“Não podemos ser uma nação de consumidores de tecnologia, temos de produzir a nossa própria tecnologia aqui no Brasil.” Em sua participação no painel sobre Inovação, Empreendedorismo e Startups, no segundo dia do WRNP, o professor titular do Instituto de Computação da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Altigran Soares de Silva, saiu em defesa de uma maior relação entre universidades e empresas.
O painel foi mediado pelo assessor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da RNP, José Henrique Dieguez. A head de Inovação Aberta e Corporate Venture Capital na ACE Cortex, Amanda Coutinho, e o gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da RNP, André Luiz Marins, também participaram da mesa. Em foco, a busca de estratégias para aumentar as sinergias entre universidades e empresas.
O professor da Ufam defendeu que esse diálogo precisa ser ampliado em prol do desenvolvimento do país. Para Soares de Silva, as empresas brasileiras têm cada vez mais interesse na criação de negócios sustentáveis de longo prazo e em acesso a recursos de venture capital. Também precisam de profissionais de computação com formação, soluções computacionais de ponta para problemas reais e visão de longo prazo sobre tecnologia – especialistas que podem ser encontrados na academia.
“Quando nós da universidade nos envolvemos com empresas, temos acesso a dados de usuários e análises do mundo real que não teríamos na academia. Se nos associarmos com quem tem esses dados, vamos entender muito melhor o que precisa ser feito e, com isso, desenvolver o país”, ressaltou o professor.
Amanda Coutinho também defende um grau maior de interação entre universidades e empresas. A executiva apresentou uma pesquisa da Universidade Stanford mostrando que, nos Estados Unidos, há três vezes mais chance de um fundador de startup ter sucesso se tiver mestrado. E 20% menos de chance de ser bem sucedido no ramo se não tiver um diploma universitário.
“Estamos acostumados a pensar no empreendedor no formato do Mark Zuckerberg, que deixou de frequentar Harvard para fundar o Facebook. Mas o que temos visto é o contrário disso. Avançar na academia é muito bem visto por investidores e sinaliza que o produto tem robustez técnica”, destacou.
Amanda Coutinho desmistificou, ainda, a ideia de que startups criadas em universidades não seriam valorizadas. A executiva citou pesquisa recente que mostra que, de 1990 a 2016, foram mais de 400 exits, vendas de startups nascidas em laboratórios de universidades do mundo. Números que, segundo ela, provam que a trajetória acadêmica é levada em consideração. “O pesquisador é um ser extremamente resiliente e para ser startupeiro também precisa ser resiliente”, concluiu com bom-humor, seguida de risos da plateia.
RNP presente ao longo da jornada de inovação
André Luiz Marins falou sobre o papel da RNP na jornada de empreendedorismo e inovação no Brasil. “A RNP trabalha as conexões. Temos uma relação histórica com a academia, com alunos que se transformam em fundadores de startups, e com as próprias startups que se transformam em empresas constituídas”.
José Henrique Dieguez apresentou as estratégias de parcerias da RNP com startups, em cinco níveis progressivos: da oferta inicial de uma solução à entrada como sócia no novo negócio. O assessor de PD&I trouxe exemplos de programas da RNP em que a organização atua como desenvolvedora e experimentação, como o OpenRAN@Brasil e o Hackers do Bem.
Palco INOVA
Empreendedorismo e inovação estiveram presentes ao longo de todo o WRNP no palco INOVA. A programação paralela do Workshop apresentou resultados dos Grupos de Trabalho do Programa PD&I de Serviços Avançados e outras soluções de ponta apoiadas pela RNP.
Entre as novidades mostradas, estiveram o Tutoria, que usa inteligência artificial para ajudar professores universitários a corrigir atividades e provas de alunos, e o Metahealth, plataforma para treinar alunos e profissionais de saúde em simuladores imersivos.
Acesse a playlist com as apresentações do palco INOVA e todos os conteúdos em vídeo do WRNP.